quarta-feira, 27 de outubro de 2010

room service - mia lourenço.










Já foi modelo. Agora é designer (e uma das proprietárias) da marca Os Burgueses.

Mia Lourenço é uma eterna apaixonada por Londres. Apesar de viver em Lisboa, a capital inglesa continua a ser viagem obrigatória todos os anos. Já foi morena, agora é ruiva. Estudou Artes antes de seguir Design de Moda, o que lhe permitiu uma maior abertura. Já foi conhecida por Marina, agora é Mia. No ingresso para entrar no Ensino Superior, encostou a vida à parede com apenas uma opção: a licenciatura em Design de Moda, na Faculdade de Arquitectura. “Se entrasse, entrava, se não entrasse, não entrava”, conta. E entrou. Nós não resistimos e fomos atrás dela espreitar as suas histórias e, claro, o seu quarto.

Há pouco estavamos a falar de nomes, podes explicar-me de onde vem o teu Mia? O meu nome é Marina e sempre tive problemas com ele, porque nunca o diziam correctamente. Era Maria ou Mariana, onde quer que fosse nunca era Marina. Houve entretanto uma altura em que eu e o meu sócio decidimos que tinha de mudar de personalidade...pintei o cabelo e passei a identificar-me como Mia, juntando a primeira letra do nome, a vogal do meio e a última.

Fala-me então desse projecto de que fazes parte, Os Burgueses. É uma marca de roupa feminina e masculina e estamos neste momento a fazer a colecção de Verão. A marca existe há um ano, mas o projecto já vem do meu sócio há muito, muito tempo.

O teu sócio é... O Pedro Eleutério.

Exacto. E estudaram juntos, não foi? Sim, no curso de Design de Moda da Faculdade de Arquitectura. Nunca tínhamos trabalhado juntos até então e eu entretanto fui para Londres estudar e à procura de trabalho. Estava a adorar o curso lá, mas não conseguia arranjar emprego...

Qual foi o curso? Estava a fazer uma pós-graduação em Design de Sapatos, que é uma área que eu adoro. Achei por bem formar-me em mais alguma coisa, até porque na Faculdade de Artquitectura não há formação em calçado.

Voltanto à história, não conseguias arranjar trabalho em Londres e... E um dia estava a falar na Internet com o Pedro e ele disse que tinha um projecto para me apresentar. Quando regressei a Lisboa, ele apresentou-me o projecto e arranjámos logo um atelier em Alcântara. As coisas começaram à andar, mas só arrancaram mesmo no Spazzio Duo, na Av. da República.

Que é o sítio onde têm ainda hoje o atelier. Exacto. Apresentámos lá a primeira colecção, a segunda e é onde vamos apresentar também a terceira.

Porquê 'Os Burgueses'? O nome 'Os Burgueses' surgiu pela música da Madonna 'Music', que fala sobre os burgueses e os rebeldes, e nós deixámos os rebeldes de lado e ficámos só com os burgueses.

Pois…e é daí que nasce o conceito de ópera, certo? Tem a ver com a forma como nós pensamos e criamos as colecções: existe sempre uma história. Não conseguimos criar do nada, temos de criar um enredo. E daí evocarmos a ideia de óperas, tanto que as nossas colecções são denominadas em actos. A primeira foi o Primeiro Acto, depois a de Inverno, o Segundo Acto, e agora a de Verão é o Terceiro Acto. E nesta continua a saga de Jane Doe, que é personagem do Primeiro Acto.

Acho que com um conceito assim, a marca ganha muito mais força... E coerência também! Há toda uma história por trás e nós vibramos com isso. Estes actos correspondem até aos momentos da nossa vida, minha e do Pedro. O Primeiro era a identidade desconhecida, o Segundo falava sobre dupla personalidade, o que vai beber um pouco da dualidade da marca e o próximo terá a ver com relacionamentos.

Fala-me agora um pouco do teu quarto. O que representa para ti? Neste momento é a minha divisão favorita da casa. Eu trabalho das 10h às quatro ou cinco da manhã...portanto, é o meu refúgio, é onde venho descansar, nem que seja uma hora!

Como é que gostas de decorar o teu quarto? A decoração é importante para ti? Acaba sempre por ser importante, sim, também porque é um pouco a minha área - a estética.

Qual foi a tua última aquisição para o quarto? Uma garrafa de Coca-Cola em alumínio do Karl Lagerfeld. Comprei-a na última viagem que fiz a França.

Estavas a dizer há pouco que adoras sapatos ou, pelo menos, o design de sapatos...é uma obsessão? É um vício! O meu pai chegou a proibir-me de comprar sapatos. Para além da roupa, os sapatos são mesmo a minha perdição...

Qual é a tua marca favorita de sapatos? Bom, sem contar com aquela que eu não posso comprar, os Melissa são os meus favoritos.

Porquê? Pelo conforto, design...acho genial a ideia de usar o plástico para criar sapatos tradicionais; adoro a questão do cheiro, porque por mais que andes descalça, continua a ter aquele cheiro característico.

Preferes saltos altos ou rasos? Uso tudo! Mas é também por fases. Claro que um salto alto é sempre um salto alto, mas como sou muito alta, há situações em que me incomoda.

Quanto é que medes? Estou com 1,78m...quase um metro e oitenta!

Como era o teu quarto quando eras pequena? Era cor-de-rosa bebé, tinha uma cama com um gavetão enorme por baixo, cheio de brinquedos. Tinha a minha enorme colecção de Barbies…aliás, ainda tenho, ,as está guardada...

Espera...fazias colecção de Barbies? Mesmo a sério? Sim! Tenho as originais, ainda com a roupa. Os meus avós davam-me dinheiro e eu juntava para comprar quando fosse a Espanha, onde eram mais baratas.

E qual é a tua Barbie de eleição dessa colecção? Uma que o meu pai me trouxe a primeira vez que foi a Paris, que é a Barbie que tem o meu nome, Marina. É a amiga da Barbie, nada tradicional, morena, pele bronzeada…

Bonecas àparte, onde é que te vês daqui a...dez anos? Eu gosto muito de viver cá, é certo, mas não me importava de trazer um pouco de Londres para Lisboa. Sou apaixonada por Londres e adorava viver lá. Vou quatro e cinco vezes por ano, acho que é uma cidade fantástica!


© photography Sara Gomes
© text Carolina Almeida
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

room service - carolina flores.









É a partir de um mítico Macbook Apple branco que Carolina Flores dirige, do alto dos seus vinte anos, dois dos seus principais papéis do quotidiano - o de estudante universitária e o de blogger.

Isso quando não está na faculdade, a viajar, a passear entre as galerias de Londres ou a procurar roupas no baú da avó.

O Last Minute Dreams é a morada online que criou para partilhar os seus últimos sonhos (sobre estilo, fotografia, moda…) e o seu quarto, um pequeno livro aberto onde entrámos (quase) sem pedir licença.

O que é que estudas?
Design de Equipamento, na Faculdade de Belas Artes, em Lisboa. Estou no segundo ano.

Foi a tua primeira escolha, em termos de formação académica?
Não. Na altura queria ter entrado para o curso de Design de Comunicação.

E estás arrependida?
Não, de todo, até porque a licenciatura de Design de Equipamento tem muito mais saídas profissionais.

Além de estudante universitária, também és blogger. Há quanto tempo criaste o Last Minute Dreams?
Há um ano e três meses.

Porque é que decidiste criar um blogue?
Estava sempre a ver blogues de fotografia e moda e achei que seria interessante criar o meu próprio.

E segues mais blogues nacionais ou internacionais?
Gosto sobretudo de blogues estrangeiros, mas agora também já sigo mais portugueses.

Então foi enquanto blogger que aprofundaste a tua paixão pela fotografia e pela moda. O que é que te fascina mais?
A diferença e as múltiplas opções que estes dois mundos oferecem.

É uma inspiração para ti?
Sim, é uma constante inspiração. E adoro passar essa inspiração para os outros, a partir do blogue.

Fala-me um pouco do teu quarto...fizeste alguma transformação recente?
Sim, há um ano e tal fiz algumas alterações. Gosto de estar sempre a mudar, para não me fartar. Decidi alterar as cores, para ficar mais claro.

E essa tendência para as constantes mudanças reflecte-se noutros campos?
Sim, na roupa! Farto-me muito depressa das peças.

Como era o teu quarto antes dessa transformação?
Os móveis eram de madeira clara, esta parede (onde tem agora o papel de parece cor tijolo) era azul...gosto muito mais assim.

Tens algum objecto favorito?
O candeeiro de tecto, porque era da minha tia-bisavó. É muito, muito antigo! Adoro o estilo e dá imensa luz. Adoro luz e tenho muitos candeeiros.

Sim, já reparei...são quatro, certo?
Cinco, a contar com um que fiz para um trabalho da faculdade.

Parece-me que tens veia de artista desde muito cedo...acertei?
Sim, é verdade. A minha mãe conta-me que desde pequenina que eu dizia que queria ser pintora, estilista...

Então já pensaste em desenhar roupa?
Sim, penso muito nisso. E tenho muitas ideias, mas falta o resto...

Pois, os candeeiros neste momento é que vão mais de encontro ao teu curso! O design de interiores também é uma área pela qual te interessas?
Sim, claro.

E identificas-te com algum estilo em particular?
Sei que não me identifico com o minimalismo, porque acho que tem pouca personalidade. Gosto de casas cheias...de livros, de detalhes...

Por falar em detalhes, já reparei que tens uma série de Moleskines...
Tenho muitos caderninhos! Antes andava sempre a desenhar e a fazer colagens. Agora menos, porque o curso não envolve tanto isso...mas continuo a ter cadernos e agendas, onde escrevo tópicos, dicas, coisas das minhas viagens.

Deixa-me adivinhar: adoras viajar, certo?
Sim!

Tens algum destino de eleição?
Londres. Já lá fui imensas vezes!

Para onde foste na última viagem?
Para São Francisco. Foi uma cidade que me surpreendeu imenso. Adorei!


© photography Sara Gomes
© text Carolina Almeida
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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

room service - helga carvalho.










Helga Carvalho é formada em Design de Moda pela Faculdade de Arquitectura de Lisboa, mas foi ainda enquanto estudante que descobriu o interesse pela área editorial.

Foi esse o caminho que escolheu, optando por um estágio de final de curso em Paris no Gabinete Europeu do grupo Hearst Magazines, representante de revistas como Harper's Bazaar US, Cosmopolitan US, Marie Claire US e House Beautiful.

A capital francesa tornou-se a sua casa durante cinco anos e aí assumiu a profissão de stylist. De regresso a Lisboa, torna-se colaboradora de várias revistas, entre elas a Vogue Portugal, Máxima, Umbigo e, mais recentemente, a Chocolate. Antes de criar o seu projecto online Pure Magazine, foi ainda editora de moda da Número Magazine e da Magnolia. Entre um cappuccino e uma torrada, pedimos-lhe para desvendar alguns dos segredos do seu quarto lisboeta. E ela aceitou.

Disseste-me que adoravas design de interiores. Queres explicar porquê? Sempre tive um fascínio por ambientes, cenários e histórias. A simples ideia de decorar um espaço, é um desafio. É um pouco como o styling. Pesquisa-se, define-se o mood e, por fim, constrói-se um sonho!

O que te fascina mais na decoração? A possibilidade de poder criar um ambiente, como referi anteriormente.

Tens algum estilo com o qual te identifiques mais? Adoro o design purista e minimalista escandinavo. Gosto igualmente das linhas rectas que caracterizam o design dos anos 70. Apesar dessa vertente mais fria, identifico-me também com um estilo mais feminino e romântico, como os ambientes boudoir compostos por cómodas carregadas de perfumes, cremes, maquilhagem, caixas de veludo cheias de jóias, frascos transparentes, ... Gosto de jogar com contrastes e de misturar peças sofisticadas com outras de cariz mais simplista. O Oriente é igualmente uma inspiração bastante presente.

Também sei que gostas muito de Arquitectura. Tens algum arquitecto de eleição? Nomes como Le Corbusier, Frank Lloyd Wright ou o contemporâneo Rem Koolhaas, são incontornáveis.

Posso perguntar qual foi a tua última aquisição "especial" para a casa? Estou sempre à procura de coisas novas. A compra mais diferente que fiz, ultimamente, foram umas conchas gigantes em nácar polido que trouxe do México e que vou usar como pratos para servir entradas.

E estás de olho em alguma que estejas desejosa de ter? Estou desejosa por restaurar um louceiro antigo. Quero forrá-lo a seda estampada, iluminá-lo no interior e colocar vidro nas portas.

Entrando agora no teu quarto...o que é que este representa para ti? Para mim o quarto é tão importante como outra divisão. Dou importância a todas. Em termos de decoração, o quarto é, provavelmente a divisão mais feminina de toda a casa. Ainda tenho algumas mudanças para fazer no meu quarto...lentamente, vai-se compondo.

Fazes mudanças de decoração frequentes no quarto? Porquê? No quarto nunca fiz mudanças de decoração, mas sim upgrades. Vou comprando coisas e acrescentando. Já pensei em mudar a cama, e se o fizer terei de mudar muitas outras coisas, mas, por enquanto, ficará assim.

Adoro o tom acastanhado da parede. Foi sempre assim ou pintaste recentemente? Pintei a pequena parede, onde se encontra o espelho, há já bastante tempo. É de um castanho acinzentado, tabaco, umas das minhas cores preferidas. A parede atrás da cama é recente. Inicialmente tinha um papel de parede, mas tive de o arrancar devido a uma infiltração. Passei alguns meses a dormir no quarto com o papel de parede manchado, depois metade arrancado, mais tarde totalmente arrancado e finalmente com a parede completamente manchada e esburacada. Cheguei mesmo a ouvir comentários do tipo - “que gira a tua parede!” (se não tivesse alergias aos ácaros, provavelmente tê-la-ia deixado assim!)

Tens alguma cor que consideres proibitiva em quartos? Não gosto de cores primárias e da maior parte das cores berrantes. Gosto de poudrés e de cores pardas, aquelas difíceis de definir, como o lilás acinzentado ou o cinza acastanhado, por exemplo.

Também reparei que tens muitas velas. Qual o teu aroma favorito para o quarto? Velas, ambientadores, óleos para queimar, incensos... sou fanática por fragrâncias! Podia dizer que para o quarto prefiro os cheiros florais e frescos, mas acabo por usar igualmente os amadeirados e fragrâncias mais quentes. Tudo depende do estado de espírito. Numa viagem que fiz recentemente, comprei essências puras em perfumarias especializadas. São 100% naturais, duram imenso, não alteram o cheiro, queimam muito lentamente...são simplesmente maravilhosas!!

Como era o teu quarto em criança? Era um quarto cor-de rosa, tipicamente de menina, porque embora tenha crescido e começado a gostar de linhas puras, sempre sonhei com princesas e contos de fadas!

Há alguma casa em particular que gostasses muito de conhecer? De quem? Confesso que nunca pensei nisso... mas já agora podia ser o da Bambou, última mulher do Serge Gainsbourg. Lembro-me de ter visto já há muito tempo, numa entrevista, umas fotos da casa dela que achei fantástica, tinha um piano no quarto! Se pudesse, gostava de a ver ao vivo.

Qual é o teu livro de cabeceira neste momento? "A Gloriosa Familia" do Pepetela, que vou alternando com “Este consumo que nos consome", do Beja Santos.


© photography Sara Gomes
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domingo, 10 de outubro de 2010

room service - saga sig.










Saga Sig é uma islandesa de 24 anos (muito pouco) perdida em Londres e tem impressionado com o seu talento (e estilo) enquanto fotógrafa de moda.

Traz no currículo colaborações com as revistas Dazed & Confuzed britânica e nipónica, Voguecoreana, IloveFake, Dealer Deluxe, mas não se fica por aqui. A jovem conta com editoriais publicados na China, na Rússia, e ainda na Noruega e Arábia Saudita. Autora do blog The Neverending Story, Saga Sig é uma coleccionadora nata - sapatos, mini-autocolantes, bonecos, objectos antigos…- e, claro, sonha com um quarto maior. Quem a pode repreender?

Conta-me um pouco das ruas raízes. Onde cresceste? No interior da Islândia, um lugar mágico, com glaciares, areia preta, lava e onde não havia muita gente. Depois mudei-me para a capital, Reykjavik, quando tinha 15 anos.

Quais as referências e memórias mais importantes que tens de casa? A minha família e amigos, o ar puro e a água, o vento a soprar... estar fora, mas dentro da natureza. O facto de se sentir o mar e o oceano tão próximos, mais do que em qualquer outro lugar do planeta. Por vezes sinto que lá posso tocar no céu. Tenho muitas saudades...

E trocaste tudo isso por Londres. Quando te mudaste e porquê? Vim para Londres há dois anos para estudar Fotografia de Moda.

Decerto, esses dois anos já chegaram para criares amores e ódios na cidade... O que adoras e o que odeias em Londres? Adoro as pessoas maravilhosas que encontramos...são tão abertas! Adoro o humor britânico, as pessoas criativas, adoro todos os excelentes cafés e galerias...Londres é um lugar inspirador para se viver. Odeio não ter a minha família por perto, sinto a falta deles, e não gosto do metro à hora de ponta (risos).

Em que escola estudas? No London College of Fashion. Estou no meu terceiro – e último – ano.

És estudante mas, pelo que sei, a fotografia já tomou conta da tua vida profissional, certo? Sim, tenho tido a sorte de poder trabalhar imenso ao mesmo tempo que estudo e tenho tido oportunidade de colaborar em diversos projectos emocionantes em Londres.

Mas como tudo começou? Mesmo a sério, foi aos 18 anos, quando comecei a fotografar todos os dias (embora tenha recebido a minha primeira máquina fotográfica aos oito anos!) e foi aí que decidi tornar-me fotógrafa.

Podes dizer-me quais são os teus ícones no mundo da fotografia? Ohh...esta pergunta é tão difícil. Gosto de tantos fotógrafos! Para ser sincera, acho que não consigo mesmo responder a esta questão!

Sei que adoras fotografar em analógico. Podes explicar-nos porquê? Adoro a qualidade do analógico e a emoção de ver o rolo revelado. É uma sensação tão boa! Não acredito que fotografar com uma máquina digital poderá, algum dia, ser a mesma coisa que fotografar em analógico. É mais mágico.

Além de fotógrafa, também és uma blogger super activa. Sobre o que gostas mais de postar?Criei o meu blogue The Neverending Story quando me mudei para Londres para os meus amigos e família me poderem acompanhar. Mas agora publico, sobretudo, o meu trabalho e aquilo que me inspira. O meu blogue tem sido uma grande ajuda para arranjar trabalhos e ser reconhecida em Londres.

E também publicas muito sobre moda. Qual é a tua relação com o mundo da moda? Adoro o facto de se poder criar todo um mundo com roupas e que nos possamos exprimir pela maneira como vestimos. Sou fascinada por sapatos e vestidos bonitos!

Por sapatos? Sim, não é difícil de perceber... Humm...pois, eu simplesmente adoro sapatos.

E quais são os teus eleitos? Trabalho muito para uma maravilhosa marca islandesa chamada Kronbykronkorn. Adoro as cores e os detalhes. Também adoro os meus Miu Miu pretos, são lindos, e os Sonia Rykiel. O meu par favorito são uns amarelos, vermelhos e verdes da Kronbykronkorn. As cores são tão bonitas e são tão confortáveis.

Além dos sapatos, também sei que coleccionavas pequenos autocolantes, certo? Sim, coleccionava-os quando era pequena. Tenho cerca de dez livros cheios e costumava arrumá-los em várias categorias, como os brilhantes, aqueles com animais ou com aromas...não havia muitas crianças para brincar onde eu, a minha irmã e o meu irmão vivíamos, no interior da Islândia, por isso, tínhamos de brincar com o que havia. Este era um dos meus passatempos.

E os bonequinhos do armário? São mesmo da tua infância? Alguns deles são! Sou muito nostálgica, acho...e sou uma coleccionadora por natureza (perguntem ao meu namorado, não consigo deitar nada fora!), gosto de quartos cheios de coisas bonitas, como livros antigos, frascos de perfumes, vestidos, postais...

Entendo-te tão bem! Adoro o ar romântico girly e todo-cor-de-rosa do quarto, mas tenho de perguntar-te: o teu namorado não se importa? A minha parte do quarto é toda cor-de-rosa e girly, mas quando nos viramos para o espaço do meu namorado, é tudo preto e do death metal, com um estilo muito clean, preto e branco!

Ah, já percebi! E também vejo que te identificas muito com o estilo vintage. Sim, adoro coisas antigas com uma história por trás, de aspecto desgastado. Há algo de mágico nas coisas antigas...

Gostas de mudar a decoração do quarto com frequência? Sim...e acho que gostava de ter um quarto maior, porque é muito difícil dormir, ter todas as roupas e uma secretária para mim e para o meu namorado, que é ilustrador freelancer e também trabalha muito em casa. Adorava ter chão de madeira, em vez da típica carpete cinzenta de Londres. Seria muito agradável ter outra grande janela com plantas e um espaço maior para a minha roupa...enfim, quero mesmo um quarto maior! Quando nos mudámos para Londres há dois anos, não trouxemos nada connosco. Temos vindo a trazer as nossas coisas da Islândia aos poucos. Há dois anos, o quarto não tinha qualquer personalidade e, com o tempo, temos vindo torná-lo mais nosso.

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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

room service - ana luísa barbosa.










Ana Luísa Barbosa é um dos rostos da MTV desde 2007, quando foi escolhida para ser a próxima VJ do canal de música.

Formada em Direito, trocou os tribunais pela caixinha mágica, que a fascinou desde os tempos em que trabalhava como modelo. O que mais adora na sua profissão é conseguir transformar uma ideia em realidade televisiva e a possibilidade de cruzar-se com pessoas fantásticas. Fomos conhecer os recantos da sua (outra) casa e a eterna companheira, Misha.

O que representa o teu quarto para ti? É a divisão favorita da casa? É, apesar de querer dizer que não é onde passo mais tempo...mas a verdade é que é! Porque durmo imenso. É mesmo a minha divisão favorita e faço questão que me transmita calma, para poder descansar.
Daí estares a dizer há pouco que gostas de ter sempre o quarto arrumado... Sim. A minha mãe está sempre a dizer-me que “fazer a cama é ter a divisão arrumada”, embora eu por vezes não a faça (risos). Tenho uma relação muito próxima com a minha cama. Adoro, por exemplo, quando compro um novo conjunto de lençóis e me deito neles...além disso tenho uma cama de casal só para mim e para a minha gata (Misha). Durante muitos anos vivi praticamente num quarto, enquanto estive na faculdade.
Quando partilhamos casa o quarto assume um papel crucial... Sim, porque é o nosso espaço. Eu sempre disse que queria morar sozinha, porque desde pequenina que partilho o meu quarto com alguém. Primeiro foi com os pais, depois com a avó – quando nasceu a minha irmã, depois com a minha irmã, a seguir com a filha dos meus primos e ainda com 70 raparigas, numa residência universitária. Portanto, sempre quis ter um quarto só para mim.
E em relação à decoração, tens algum estilo com que te identifiques? Gosto que o quarto transmita conforto, gosto de cores reconfortantes. Neste momento está em tons claros, mas tem uma razão: a minha gata é branca! Tenho duas capas de édredon, uma roxa escura e outra bordeaux, e adoro este tipo de cores, que me transmitam calor e conforto. Não gosto de cores berrantes. Prefiro manter tudo simples, no quarto e na casa em geral. Odeio biblôs!
Tens algum objecto favorito no quarto? Gosto muito de um gato preto que um amigo me trouxe do Egipto. É engraçado que tudo o que tenho no meu quarto foi-me oferecido.
Gostas de receber presentes? Claro que sim, quem é que não gosta? Adoro...sinto que é Natal.
És licenciada em Direito. Como é que acontece essa troca dos tribunais pela televisão? Há uma parte do meu percurso que explica um pouco isso. Durante dez anos trabalhei como modelo e fazia sobretudo trabalhos de publicidade televisiva. E aí comecei a sentir-me cada vez mais cativada pelo mundo da televisão. O que mais me fascina é aquela sensação “eu estou a fazer televisão”. Gosto do processo. Depois, a MTV sempre teve aquele peso. Acho que todos os que nasceram nos anos 80 sentem isso. É a MTV!
Dez anos como modelo...não foi pouco tempo! Sim, mas nunca foi um sonho. Fui educada numa base em que cada elogio que me faziam, era seguido de três chamadas de atenção, do género “tens os olhos tão giros”, e depois alertavam-me “mas não podes ser vaidosa”. Sempre me incutiram a máxima de “não poder valer apenas pela aparência”. Como modelo, fiz sobretudo fotografia e publicidade, que me dava dinheiro - o que eu precisava na altura. Foi sempre algo secundário, um passatempo, onde adquiri uma série de competências, que agora me são muito úteis. Até mesmo a nível pessoal, nas relações entre as pessoas, ganhei facilidade de lidar com os outros de forma imediata e de criar logo uma ligação. Porque quando era pequena, era muito chata.
Chata como? Quando alguma coisa me corria mal, amuava...mas pronto, era pequena. Entretanto aprendi a relativizar.
A Misha, a tua gata, também é assim? Eu nem digo que ela é a minha gata. A Misha faz parte da minha personalidade. Não me vês a mim, sem ver a minha gata.
São uma espécie de reflexo uma da outra? Sim, ela só podia ser minha! Ela é capaz de dormir a noite toda comigo e os gatos dormem, geralmente, pequenas sestas. E secalhar ela mia muito porque eu falo muito!

© photography Sara Gomes
© text Carolina Almeida
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